Introdução ao merindinlogun.
A arte divinatória praticada com o merindinlogun (conjunto de dezesseis búzios) tem por finalidade interpretar o destino dos seres humanos e de tudo aquilo que os cerca. Esta interpretação é feita com base nos itan sagrados de Ifá, onde Orunmila detém e transmite os ensinamentos contidos nos itan Ifá que, na realidade, são a expressão da vontade do Criador.
Desmistificando conceitos errôneos.
Um dos conceitos criados sobre o oráculo de Ifá, que mais dista da realidade, são as lamentáveis expressões aritméticas com data de nascimento do consulente. Quem as emprega, está iludido, pois “continhas” não revelam nenhum odu. Odu não é número, o trabalho com números deve ser deixado para a numerologia. O sacerdote que manipula o oráculo divinatório de Orunmila Ifá; deve, além das consagrações necessárias para fazê-lo, aprofundar os seus estudos sobre odu Ifá e, ter em mente, que fará a sua passagem e não conseguirá ter aprendido todo o mistério que envolve Ifá.
Há ainda outros absurdos praticados, absurdos inconcebíveis nos dias hoje, haja vista a quantidade de informações que circulam em vários meios. Dentre eles destaca-se o famoso ritual que visa despachar odu negativo e, em seguida, posicionar o positivo do odu. Podemos ainda acrescentar os assentamentos do odu Obara e as mais diversas oferendas para odu. Tudo isso é balela........
.............O Odu de Nascimento.
Com referência ao odu de nascimento do homem, só é possível sabê-lo pelo isefa (primeira etapa dos ritos de passagem no culto à Orunmila Ifá). Em terra yorubá, esse odu é conhecido logo após o nascimento da criança. Para as meninas o ritual é feito no sétimo dia, para os meninos no nono dia e para os gêmeos no oitavo dia de nascimento. Este ritual é denominado akosejaye.
O odu de nascimento quando sacado ainda nos primeiros dias de vida, servirá para orientar a caminhada do ser por toda a sua vida na Terra. Determinará a qual Orisa deverá ser iniciado, qual será o seu caminho dentro do culto a Ifá, qual a profissão onde melhor se adaptará, determinando também rituais próprios para afastar futuros acontecimentos nefastos que possam surgir em sua caminhada.
Em terras brasileiras, devido à falta de esclarecimento das pessoas e ausência de babalawos sérios em grande parte das cidades, torna-se praticamente impossível essa prática, restando àqueles que optam em seguir o culto à Orunmila Ifá, submeterem-se ao isefa, tomando assim ciência dos seus desígnios terrestres. Os ritos do isefa buscam levar a pessoa a um estado de pureza bem próximo do recém-nascido, para que então o babalawo possa sacar o odu do neófito.
Durante a iniciação no culto aos Orisa, no terceiro ou sétimo dia após o início dos rituais, com elaboração de ritual apropriado, o babalorisa ou iyalorisa, através do merindinlogun, apresenta ao noviço o odu referente à iniciação que foi submetido. As determinações deste odu, também devem ser acatadas e seguidas.